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quinta-feira, 4 de outubro de 2007

O FILHO DA FOME

O Filho da Fome


Autoria: Alan Sergio Maia Ornelas

Acordou bem cedo, o filho de João,
Apertando o bucho sem gordura
Ainda deitado na sua cama dura
Forrada por um grande papelão.

Estou com fome! – à mãe ele falou,
Abrindo o olho esbugalhado de pidão,
Mas recebeu em meio à escuridão
Um tapa seco que nas costas estalou.

Chorou baixinho, com dor no coração
O moleque feio e bem magrinho,
Que não tinha o prazer de um carinho
E nem com fome um só taco de pão.

Dormiu no escuro digerindo a própria fome
Com suco de lágrima alargada,
Maldizendo a vida desgraçada,
Pensando nas coisas que se come.

Daí, o dia clareava e a mãe chamava
O filho que gelava em duro leito.
Por intuição sentiu queimar no peito
O fogo que o sangue dispersava!

Apavorada confirmou a sua intuição:
Seu magro filho deixara de viver!
O seu corpinho nunca mais iria ver,
Foi consumido por total inanição!

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